domingo, 21 de novembro de 2010

Opinião pessoal: Susana Marques

Esta é a minha primeira experiência a fazer voluntariado.
O que começou com a ideia de ajudar as crianças da ala pediátrica, transformou-se, em algo que na altura nem era possível imaginar. Depois da minha primeira reunião com o presidente da LAHBD ficou decidido que o nosso tema seria o cancro da mama, mais precisamente, as mulheres mastectomizadas.
Nessa mesma reunião cada elemento do grupo ficou com uma palavra. No meu caso, escolhi a vergonha. Esta palavra refere-se ao que a mulher sente quando o peito lhe é retirado. Para quem não percebe o porquê da vergonha, basta imaginar o que é, ao irem à praia, não poderem usar biquíni ou mesmo um fato de banho, porque não têm peito/mamas. Esta é uma das principais razões que me levou a escolher esta palavra, acho horrível que em algum momento das nossas vidas sejamos escravas da vergonha. É urgente acabar com este problema.

Cada uma de nós teve que fazer um texto sobre essa palavra, aqui está parte do meu:

“O peito é, para a mulher, aquilo que a faz sentir-se como tal. Com a mastectomia, a mulher poderá mesmo chegar a perder o peito por completo, assim surge a vergonha. A vergonha de sair a rua, de ir à praia, de vestir certas roupa, de interagir com outras pessoas, principalmente com as que mais ama. A mulher tem vergonha do seu corpo, dela própria. A vergonha, em alguns casos, é tão grande que a leva ao suicídio. Quem não morre da doença, pode morrer da cura. (…). Mas esta vergonha pode ser ultrapassada com o devido apoio e ajuda. Também as próteses assim como os soutiens que as sustêm desempenham um papel fundamental na resolução do problema, mas são demasiado caros. Assim, existem mulheres que continuam escravas da sua vergonha e têm medo de se olhar espelho, devido à burocracia. Sem dúvida, que os implantes mamários seriam a melhor opção para resolver o problema, mas estes são tão caros que a maior parte das mulheres nem “sonham” em recorrer a eles.”

Como já devem ter percebido este problema afecta maioritariamente as mulheres, apesar de também haver homens que sofrem de cancro da mama. Os números são estes:

Novos casos novos por ano: 150 000
Mortes por ano: 44 000

«O cancro da mama é o cancro mais comum nas mulheres americanas, sendo responsável por 27% dos casos de cancro das mulheres, e a sua incidência está a crescer gradualmente. A incidência nas mulheres de raça branca é um pouco maior do que nas mulheres de raça negra. Nas partes do mundo onde a incidência de cancro da mama é alta, como nos EUA, Canadá, Europa Ocidental e Austrália, o risco maior verifica-se aos 65 anos.» Fonte

Deixo-vos aqui algumas questões para reflectirem e espero encontrar as vossas respostas nos comentários. Não tenham vergonha.

Já alguma vez fizeram voluntariado?
Já tiveram algum familiar ou amigo com este problema?

Contem-nos a vossa experiência.

Até à próxima.

Susana Marques

3 comentários:

  1. Acho que a realidade para uma mulher que fez uma mastectomia deve ser horrível. Como escrito, o peito é o que faz uma mulher sentir-se como tal e é uma parte muito importante para a nossa anatomia, física e psicologicamente.
    Acho que é interessante explorar essa vertente.

    Noémia

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  2. Olá,

    Eu já fiz voluntariado, mas foi num lar para pessoas de 3a idade. Foi uma experiência interessante e motivadora e deu-me a perceber que sao pessoas mais fortes do que pensamos. Lá, punha e tirava as mesas à hora do almoço, distribuía sopas nos quartos dos pacientes, limpava os carrinhos onde levavam as tais sopas e entretia o pessoal tocando piano antes de me ir embora. A única coisa que me irritou foi o caractér resmungão dos pacientes. Onde vivo, as pessoas sao conhecidas por ter uma personalidade dificil e resmungona, o que não facilita as coisas (haha). Mas o sentimento de ter feito algo ao ajudar uma pessoa é extremamente bom. Adorei a experiência e talvez volte lá para fazer mais voluntariado.

    Quanto ao tema do cancro da mama, também acho muito interessante mas ao mesmo tempo, preocupante. A minha mãe teve esse mesmo cancro duas vezes no mesmo sitio, e custou-me muito vê-la no hospital depois de ter sido operada. Não vou entrar muito em pormenor, mas ela pôde reconstruir o seu peito e, por exemplo, quando vai à praia, usa um bikini que cobre a maior parte do tronco, porque tem uma cicatriz enorme no lado do corpo que não pode apanhar sol. Às vezes tem um pouco de vergonha na praia, mas assim que se mete dentro da água, não liga meia aos que estão à volta! x)

    Enfim, voluntariado e cancro (de qualquer tipo) são dois temas que valem a pena serem aprofundados, e são excelentes para um grupo de estudantes com vontade de pesquisar esses assuntos.

    Boa sorte no vosso trabalho ;)

    Mariana

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  3. Gostei Susana, fiquei agora a saber coisas, chocantes e horriveis, que não sabia, e serve para nos abrir os olhos. Não me vou prolongar muito mais porque já referi muitas coisas em outros comentarios. Respondendo as tuas perguntas: sim, eu já fiz voluntariado, não do tipo que vocês estão afazer mas também gostaria de experimentar, e sim, já tive uma amiga com este problema. Teve de retirar uma mama mas ela até lidou bem com o problema. Infelizmente já faleceu.

    Gosto bastante do vosso trabalho, e sei bem que estão bastante empenhados, isso é bom.
    Força :)

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